quarta-feira, 17 de junho de 2015

LIVRO - EU PRIMATA - FRANS DE WALL - MINHAS ANOTAÇÕES V- BONDADE - CORPO COM SENTIMENTOS MORAIS.

Gente:  Para vocês que estão seguindo as minhas anotações sobre os capítulos deste livro, este aqui é muito interessante. Espero que gostem. Um abraço.





Há duas teorias acerca do comportamento bondoso de animais como chimpanzés e bonobos. A primeira diz que “tal comportamento evoluiu para ajudar familiares e prole, portanto indivíduos geneticamente aparentados. Isso favorece os genes de quem ajuda”. A segunda diz que “se os animais ajudarem”, então serão ajudados, isto é, os dois lados saem beneficiados.

Um grupo de chimpanzés, geralmente, acalma um membro aflito, nervoso, com beijos e abraços.

Nos humanos, “crianças com pouco mais de um ano de idade já consolam os outros”. A simpatia é muito presente no comportamento humano, desde os primeiros momentos.

Casais os quais vivem muito tempo juntos convergem em sua conduta e linguagem corporal: é a empatia da vivência mútua saltando aos olhos.

Um macaco seria capaz de se matar de fome caso venha a perceber que seu comportamento que lhe permita obter comida esteja também resultando em dor a um companheiro seu. O problema não é o bem estar do outro, mas a aflição que o macaco sente pela aflição do outro. Eis uma explicação para o alastramento do pânico em pessoas: num grupo de pessoas, se uma única pessoa manifesta pânico, logo todas as outras também manifestarão pânico sem nem saber o motivo!

O contágio emocional reside numa área primitiva do cérebro e nos é compartilhado com diversos outros animais.

A empatia se inicia da aversão de se ver a dor do outro. De início, não há distinção entre seu sentimento e o do outro; essas dimensões aparecem apenas mais tardiamente.

O comportamento de empatia não beneficia imediatamente o indivíduo, porém outros os quais estejam envolvidos na dada situação.

Targeted help – ajuda para uma necessidade específica. Tal é típica dos grandes primatas não humanos.

Os macacos não acariciam e afagam as suas crias quando mordidas; os grandes primatas sim. Outra importante diferença entre macacos e grandes primatas é a capacidade de auto-reconhecimento: se coloca uma mancha de tinta no indivíduo (macaco ou grande primata) sem que ele perceba e, logo após, se o coloca à frente de um espelho. Neste experimento apenas os grandes primatas são capazes de auto-reconhecimento.

“o auto-reconhecimento e as formas superiores de empatia emergiram juntos no ramo que originou os humanos e os outros grandes primatas”.

“para agir em benefício de outrem, o indivíduo precisa separar suas próprias emoções e situação das do outro”.

“A empatia é muito disseminada entre os animais. Vai da mímica corporal – bocejar enquanto outros bocejam – ao contágio emocional, no qual o indivíduo sintoniza-se com o medo ou a alegria ao captar essas emoções em outros. No nível mais elevado, encontramos a simpatia e a ajuda particularizada”.

A nossa interação (principalmente do que se trata da vida do outro) com uma pessoa depende de nossa empatia, ou seja, do quanto as emoções do outro nos afetam. As “decisões morais refletem esses sentimentos”. “A tomada de decisões morais é movida por emoções”. Eis o primeiro pilar da moralidade.

O segundo pilar da moralidade consiste na punição dos transgressores (aqueles que saíram das normas), ou melhor, na própria disposição dos recursos e que poderia ser afetada pela transgressão de um ou mais membros de um grupo.

 “Os recursos críticos relacionados com a díade ajudar/não prejudicar são alimentos e parceiros sexuais, e ambos estão sujeitos a regras de posse e troca”.

A reciprocidade clássica consiste em “uma transação que beneficia ambas as partes”. Porém a “vingança é o outro lado da reciprocidade”.

É provável que “a reciprocidade entre os chimpanzés é regida por expectativas semelhantes às que vigoram entre os humanos”.

A reciprocidade depende da participação de indivíduos no momento de se obter o produto, ou seja, apenas quem contribui recebe o tão esperado prêmio. Desse modo, a recompensa é partilhada entre o grupo de caçadores, sendo que, ao se partilhar com indivíduos que não participam da caça, as fêmeas com intumescimento têm maior probabilidade de serem recompensadas e até mesmo o macho dominante pode ficar de mãos abanando.
“Compartilhar só tem sentido quando se trata de alimentos muito valorizados, difíceis de obter e em quantidade grande demais para um só indivíduo”.

Provavelmente a esmola vem do círculo do detentor da carne, ou seja, daquele que conseguia o produto na caça, cujo qual era dotado de força e habilidades excepcionais e que, então, compartilhou do produto com outrem.

Visto que em “um mercados de serviços, todo mundo tem seu valor”, a partilha dos produtos deve ser feita a partir de quem toma posse dele, não dependendo de sua posição hierárquica, isto é, o macho dominante não tem direito a tudo. E, além do mais, algumas situações podem ficar gravadas na memória, levando a situações que podem ser, mais tarde, embaraçosas para aquele que “furou a fila” ou violou o direito do outro. Parece que os chimpanzés puderam ouvir o nobre Kant dizer que a quebra da autoridade juntamente com o deixar a sua condição de menoridade seriam condições para “pensar por si próprio”, ou melhor, “alimentar-se a si próprio”.

A “generosidade compensa”: aquele que é generoso, por excelência, será, mais tarde, recompensado pelas mãos de outrem; já aquele que não o é, será deixado de lado. “Eis a beleza da reciprocidade”.

A gratidão nos faz ajudar a quem nos ajudou. Ela é o contrário da vingança.

Quando, em uma atividade de dar e receber, vários indivíduos trabalham juntos, recebendo a mesma quantia de recompensa, mas, em outro momento, um deles, e apenas um deles, recebe uma recompensa melhor, os demais, então, se rebelam e “entram em greve”, literalmente, arremessando a antiga recompensa, agora repulsiva. Ou seja, quando a eqüidade se transforma em desigualdade, esta se torna repulsiva. O princípio da eqüidade consiste em evitar o conflito (ser espancado ou ser deixado de lado).

As emoções são cruciais para a formação da eqüidade e de princípios morais.


Os “tijolos construtores da moralidade claramente antecedem a humanidade”. 

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